Você sabia que o morango (Fragaria × ananassa) não é uma fruta?
Na verdade, toda aquela polpa vermelhinha e suculenta é uma parte da flor (receptáculo) desenvolvida, por isso é chamada de pseudofruto. Os frutos (ou frutas) de verdade são cada um dos pontinhos do morango.
Mas, independente disso, o fato é que o morango faz um bem danado para a saúde. Isso porque ele contém flavonóides com atividades antioxidantes.
Por combaterem os radicais livres, os flavonóides auxiliam na prevenção da maioria das doenças crônicas de risco e das doenças degenerativas.
Portanto, o morango é delicioso e poderoso. Então acompanhe as nossas dicas e saiba tudo para cultivar morangueiros bonitos e sadios.
Quando plantar morango?
O morango tem origem no clima frio, embora não tolere geadas.
Mas há cultivares adaptadas a temperaturas amenas (entre 15° e 25°C). E os dias curtos de outono-inverno favorecem a frutificação.
Já temperaturas muito altas favorecem o crescimento vegetativo e deixam os frutos muito azedos.
Cuidados com o solo
Escolha da área
Ao escolher a área para plantar morango, saiba que é importante que o terreno tenha uma leve inclinação (cerca de 2% a 3%), seja bem drenado e tenha boa incidência de luz.
E fique atento! A área que você escolher não deve ter antecedentes de plantio de morango, batata, tomate, pimentão, pimenta ou de outra hortaliça da família das solanáceas.
Rotação de culturas
Como vimos, a área de plantio de morango deve ser rigorosamente livre de agentes causadores de doenças.
Sendo assim, é importante que não tenha sido cultivada outra planta da família das solanáceas no local.
Se esse for o seu caso, você vai precisar fazer na área, antes do plantio, uma rotação de culturas, chamada também de adubação verde.
E como fazer isso? Faça o seguinte: plante aveia (60 a 80 quilos de sementes por hectare) ou azevém (25 a 30 kg de sementes por ha) no inverno.
Em seguida, faça o plantio de milho (30 kg de sementes por ha) ou milheto (15 kg de sementes por ha) na primavera.
Então incorpore essas culturas ao solo para realizar a adubação. No caso do milho ou do milheto, a incorporação deve ser feita quando as plantas estiverem florescendo.
Correção do solo
Antes de iniciar o plantio, é importante fazer a análise de solo da sua propriedade.
Para isso, você pode pedir orientação a um técnico da Emater, da Embrapa, da prefeitura ou de alguma organização que preste assistência aos agricultores.
Sendo assim, caso verifique pela análise de solo que ele está ácido demais, com pH abaixo de 6,0 (ideal para a cultura do morango), você precisará fazer a correção.
E o método mais utilizado para a correção da acidez do solo é a calagem, que consiste na aplicação de calcário, fornecendo cálcio e magnésio às plantas.
Então, se for o caso, faça o processo de calagem com antecedência de, pelo menos, 90 dias do plantio.
Preparo do solo
Para o bom preparo do solo no cultivo de morango, você precisa fazer uma aração seguida de gradagem.
Depois faça o encanteiramento do solo, para dar forma aos canteiros.
Se a área do plantio for pequena, esse processo pode ser realizado com tração animal e enxada.
Entretanto, em áreas com plantio superior a 2 mil plantas, é melhor usar encanteiradores de tração mecânica.
Tome nota para o tamanho ideal dos canteiros, em formato de trapézio: 0,8 m a 1,2 m de largura, com 30 cm a 40 cm de altura, por, no máximo, 50 m de comprimento.
Por fim, saiba que a distância ideal entre eles deve ser de 50 cm a 80 cm.
Como plantar morango
Propagação
Você pode fazer a semeadura de morango por meio de sementes, especialmente se for um plantio caseiro, com poucas plantas.
A vantagem é que essa forma favorece a recombinação de genes, aumentando a variabilidade genética das populações.
Além disso, essa prática permite a probabilidade de aparecerem indivíduos superiores.
Mas, no plantio comercial, é comum o uso de estolões, que são ramificações emitidas pela planta-matriz.
Sendo assim, o número de estolões depende da cultivar a ser utilizada e pode variar de 100 a 600 por planta-matriz.
Se você não for comprar mudas prontas, uma boa opção é manter as matrizes em sistema fora de solo.
Dessa forma, após a coleta dos estolões, você os coloca para enraizar em bandejas com substrato esterilizado, sem a presença de agentes causadores de doenças.
Plantio
Inicie o transplantio das mudas preferencialmente no final da tarde, para favorecer o pegamento delas.
E você pode adotar de duas a quatro linhas de plantas por canteiro. Sendo assim, as plantas devem ficar dispostas em arranjos na forma de quadrado, ou de retângulo, ou de quincôncio.
Achou este último nome esquisito? Pois saiba que se trata de uma disposição que consiste em posicionar uma muda no centro de outras quatro mudas nas laterais.
Vale a pena adotar essa disposição, pois ela proporciona melhor aproveitamento do espaço. E isso permite maior desenvolvimento do sistema radicular, o que favorece a nutrição da planta.
Mas, independente da escolha, faça a cova de plantio de tamanho suficiente para conter o sistema radicular espalhado ao redor da planta.
Depois, disponha a muda na cova sem enterrar a coroa. Isso porque é a partir dela que se formará tanto a parte radicular quanto a aérea.
Tratos culturais
Uma das práticas culturais mais importantes para o morangueiro é a cobertura do solo, seja a cobertura orgânica (com materiais como a acícula de pinus ou a casca de arroz) ou a plástica.
E os principais objetivos da cobertura do solo são:
- Evitar o contato direto das frutas com o solo, para aumentar a sua qualidade.
- Reduzir a incidência de plantas daninhas.
- Reduzir as perdas de nutrientes por lixiviação.
- Melhorar o microclima do solo, por meio da redução das oscilações de temperatura.
- Manter a umidade do solo pela redução da perda de água por evaporação.
A cobertura orgânica pode ser colocada logo após o transplantio.
Já a cobertura plástica deve ser colocada cerca de 30 a 40 dias após o transplantio, que é quando as raízes das plantas estão bem desenvolvidas.
Por fim, lembre-se de que caminhos ou passeios da lavoura também devem ser cobertos. Essa medida é importante para evitar a emergência de plantas espontâneas e a formação de barro no entorno dos canteiros na época das chuvas.
Irrigação
As mudanças climáticas têm causado incertezas. Você já deve ter se preocupado com o aumento das temperaturas e com os períodos de seca cada vez mais longos, não é mesmo?
Então, para garantir a qualidade e a alta produtividade, a dica é adotar um sistema de irrigação.
E o sistema de irrigação por gotejamento tem sido o mais indicado, por ser mais eficiente, exigir menos uso de mão de obra e menos água.
Além disso, com esse sistema, há a redução na incidência de doenças devido ao menor molhamento da parte aérea das plantas.
Fertilização
A fertilização equilibrada é crucial para a obtenção de resultados superiores. E você pode até mesmo utilizar o próprio sistema de irrigação para aplicar um fertilizante de qualidade no seu pomar.
Essa técnica é conhecida como fertirrigação. Veja as vantagens:
- Economia de mão de obra;
- Redução de atividades de pessoas e/ou de máquinas na área de cultivo;
- Aplicação de nutrientes restrita ao volume molhado onde se encontra a região de atividade das raízes;
- Possibilidade de adaptar as quantidades e concentrações dos nutrientes à necessidade das plantas em função de seu estágio fenológico e das condições climáticas;
- Redução da incidência de patógenos e queima das folhas, já que as plantas são mantidas secas.
Fonte: https://safraviva.com.br/
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